22/03/2014 11:25
Mais de 50 líderes mundiais discutem segurança nuclear em Haia
Mais de 50 dirigentes mundiais reúnem-se a partir de segunda-feira em Haia para discutir como evitar ataques nucleares terroristas, numa cimeira considerada decisiva pelos Estados Unidos mas que arrisca ser dominada pela crise na Ucrânia.
À margem da Cimeira de Segurança Nuclear, e por iniciativa do presidente norte-americano, Barack Obama, os líderes do grupo das sete maiores economias mundiais (G7 - Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália e Japão) vai reunir-se para discutir sanções adicionais a impor à Rússia pela anexação da Crimeia.
Segundo diplomatas, a reunião do G7 deverá realizar-se na segunda-feira, para permitir que a terça seja inteiramente dedicada a discutir meios de garantir a segurança das armas nucleares mundiais e impedir que organizações como a Al-Qaida adquiram as chamadas "bombas sujas", constituídas por explosivos convencionais e materiais radioativos.
Obama prometeu fazer da segurança nuclear um ponto central do seu legado político, tendo afirmado em 2009 que o terrorismo nuclear era "a ameaça mais imediata e extrema à segurança global".
O presidente norte-americano fixou como objetivo colocar em segurança todos os materiais nucleares vulneráveis e organizou cimeiras sobre segurança nuclear em Washington em 2010 e em Seul em 2012. Depois da de Haia, está prevista mais uma para 2016.
Um dos objetivos é convencer os países com reservas de urânio altamente enriquecido e plutónio, materiais que podem ser usados para fabricar a bomba atómica, a abdicarem delas e a optarem por reservas de urânio menos enriquecido.
A Holanda, que para acolher a cimeira montou uma operação de segurança sem precedente no país, definiu três objetivos: reduzir a quantidade global de materiais nucleares, proteger materiais radioativos e reforçar a cooperação internacional em segurança nuclear.
Segundo especialistas, praticamente todos os países têm materiais radioativos que podem ser usados para fabricar uma "bomba suja".
"Você pode não ter um reator nuclear no quintal, mas provavelmente tem um hospital que dispõe de diferentes fontes radiológicas para o tratamento de cancro e para esterilização. Penso que as pessoas não têm noção de quão perto de casa alguns destes (materiais) estão", disse à agência France Presse Michelle Cann, analista sénior da Partnership for Global Security.
A declaração final da Cimeira de Haia deverá conter orientações para o futuro, mais do que estabelecer quaisquer regras concretas.
A Ucrânia, que nesta altura se impõe na agenda dos dirigentes mundiais pela grave situação política, foi um dos "casos exemplares" apresentados na Cimeira de Seul, em 2012, por ter completado o processo de entregar à Rússia todas as reservas de urânio altamente enriquecido e converter os reatores nucleares para a utilização de urânio pouco enriquecido.
Entre outros, participam na Cimeira de Haia os presidentes Barack Obama, François Hollande (França), Xi Jinping (China), Park Geun Hye (Coreia do Sul), o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, e os primeiros-ministros Shinzo Abe (Japão), Stephen Harper (Canadá) e Arseni Iatseniuk (Ucrânia). A Rússia vai estar representada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov.
Fonte: EBC
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